Michael Moore já deixou os Estados Unidos de cabelos em pé ao criticar o comércio de armas no país em “Tiros Em Columbine” e estremeceu as estruturas do governo ao escancarar questões do 11 de setembro e da Guerra do Iraque, fazendo duras críticas ao Governo Bush, em “Fahrenheit 11/9”. Em “Sicko”, Michael ataca um outro alvo: o conturbado sistema de saúde norte-americano. Mais precisamente, as empresas privadas de assistência médica e indústrias farmacêuticas que dominaram o sistema.
O filme vai à raiz do problema, quando o então presidente Nixon, em 18 de fevereiro de 1971, faz um pronunciamento permitindo que empresas de plano de saúde se instalassem no país. Ele alegou que queria que os EUA tivessem o melhor sistema de saúde do mundo e que todos pudessem usufruir dele quando necessitassem. Entretanto, Nixon sabia o verdadeiro plano dessas empresas, totalmente baseado na lógica capitalista de manutenção dos lucros.
Daí em diante, a saúde pública e gatuita foi tendo cada vez menos atenção, enquanto o país era tomado por empresas como: Blue Cross/Blue Shield, Cigna, Humana, United Health, entre outras.
Para expor esse problema, Michael inicia a jornada mostrando casos surpreendentes, não dos quase 50 milhões de americanos que não têm plano de saúde, mas sim de pessoas que possuem plano de saúde e sofrem devido à ridículas burocracias impostas por essas empresas. Ex - funcionários que fizeram parte desta indústria também relatam as funções à qual eram
designados como, por exemplo, investigar o histórico médico de determinada pessoa, até encontrar uma “falha”, como uma doença pré-existente, que fizesse com que não recebesse a cobertura do plano.Além disso, Michael Moore viaja ao Canadá, Inglaterra, França e até a detestada Cuba para mostrar aos norte-americanos que um sistema de saúde universal pode ter qualidade e eficiência, se administrado da maneira correta.
“Sicko” choca em alguns momentos – como os que pacientes são literalmente despejados de hospitais por não possuírem plano de saúde – e nos faz refletir sobre o serviço de saúde brasileiro. A sagacidade e ironia de Michael Moore fazem com que o documentário seja preciso e dinâmico, assim como seus filmes anteriores, expondo, de maneira audaciosa, todos os fatos necessários para escancarar este problema, que vem se tornando cada vez mais caótico. Afinal, é difícil aceitar que, no país mais rico do mundo, 18 mil pessoas morrem todos os anos por simplesmente não possuírem seguro de saúde.
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